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quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Tonga da Mironga do Kabuletê

Este é um trabalho de pesquisa de uma aluna do Reitorado da UTN- Marcela.
Tomo a liberdade de publicá-lo porque sei que fez com muito carinho para todos vocês, curiosos da música brasileira.
Junto adicionei um vídeo da música cantada pelo Toquinho.
O único que fiz foi editar um pouco o trabalho de Marcela tirando a parte em espanhol, já que esse é um blog em português. ksksksk
Mesmo assim quero mandar um beijão para ela pela participação no blog
E para vocês espero que curtam a música e a história da mesma.



de Vinicius de Moraes e Toquinho

Eu caio de bossa
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô
Você que ouve e nao fala
Você que olha e nao vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê

Eu caio de bossa
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô
Você que lê e nao sabe
Você que reza e nao crê
Você que entra e nao cabe
Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do kabuletê
Na tonga da mironga do kabuletê
Na tonga da mironga do kabuletê

Você que fuma e nao traga
E que nao paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga
Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do kabuletê
Pra tonga da mironga do kabuletê
Pra tonga da mironga do kabuletê


Por incrível que pareça, não foi o Rui Reininho que escreveu este poema. foi mesmo Vinicius de Moraes, e que posteriormente foi musicada por Toquinho.
Existe uma estória muito engraçada relacionada com este poema.
Nos anos 60, houve um professor universitário português (suspeito que tenha sido Oscar Lopes) que quis ir ao Brasil conhecer pessoalmente Vinicius de Moraes, porque considerava este como o melhor sonetista de língua portuguesa do Séc. XX.
O professor chegou à República Livre de Ipanema, e achou que iria encontrar um distinto senhor, do tipo embaixador-poeta. Quando chegou a casa de Vinicius, encontrou-o deitado na banheira com uma brutal ressaca, uma coisa do género poeta-boémio. Todas as respostas que Vinicius fazia ás perguntas do português: "a tonga da mironga do kabulete"*
*"a tonga da mironga do kabulete" não quer dizer rigorosamente nada, mas ao mesmo tempo pode querer dizer tudo, ou então qualquer coisa. É dificil explicar qual seria o correspondente usado em Portugal. Seria qualquer coisa como: "Vai-te foder!", que utilizamos por tudo e por nada...
Publicado por Rui em novembro 1, 2003 05:54 PM




1970.
Vinícius e Toquinho voltam da Itália onde haviam acabado de inaugurar a parceria com o disco “A Arca de Noé”, fruto de um velho livro que o poetinha fizera para seu filho Pedro, quando este ainda era menino.
Encontram o Brasil em pleno “milagre econômico”. A censura em alta, a Bossa em baixa. Opositores ao regime pagando com a liberdade e a vida o preço de seus ideais. O poeta é visto como comunista pela cegueira militar e ultrapassado pela intelectualidade militante, que pejorativa e injustamente classifica sua música de easy music.
No teatro Castro Alves, em Salvador, é apresentada ao Brasil a nova parceria.
Vinícius está casado com a atriz baiana Gesse Gessy, uma das maiores paixões de sua vida, que o aproximaria do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Gantois. Sentindo a angústia do companheiro, Gesse o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que significa “o pêlo do c... da mãe”.
O mote anal e seu sentimento em relação aos homens de verde oliva inspiram o poeta. Com Toquinho, Vinícius compõe a canção para apresentá-la no Teatro Castro Alves.
Era a oportunidade de xingar os militares sem que eles compreendessem a ofensa.
E o poeta ainda se divertia com tudo isso: “Te garanto que na Escola Superior de Guerra não tem um milico que saiba falar nagô”.

Fonte: Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

http://portrasdaletra.blogspot.com/2007/04/tonga-da-mironga-do-cabulet.html


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http://www.sualingua.com.br/01/01_tonga.htm

Minha prezada Sara: na verdade, não significa nada. Ao menos era isso o que Vinícius informava a quem vinha lhe perguntar. Era a época da ditadura, no entanto, e muitos preferiram acreditar que o poeta tinha escondido, atrás dessas palavras africanas, uma ofensa ao governo militar. Corre até hoje uma versão pela internet (Meu Deus! O que não corre nesta vasta rede!) que a tradução seria algo como "o pêlo do c* da mãe", dito em nagô!

É claro que, no contexto, a "tonga da mironga do cabuletê" não é coisa boa, não. A letra termina com os versos "Vou lhe rogar uma praga / Eu vou é mandar você/ Pra tonga da mironga do cabuletê" - mas tu hás de convir que qualquer expressão colocada ali, naquele lugar, teria uma inegável conotação pejorativa. Lembro até que, nos tempos de ginásio, costumávamos usar a expressão "vai pra planfa que te lamblanfa", nas situações em que era impossível empregar o genuíno "P.Q.P" - e tenho certeza de que os leitores devem conhecer várias outras expressões como essa, que não significam nada, especificamente, mas dizem tudo. A "tonga da mironga" deve ser algo similar.

Assim mesmo, fui conferir no indispensável Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes, a melhor obra que temos sobre africanismos em nosso idioma. Lá encontrei: (1) tonga (do Quicongo), "força, poder"; (2) mironga (do Quimbundo), "mistério, segredo" (Houaiss acrescenta: "feitiço"); (3) cabuletê (de origem incerta), "indivíduo desprezível, vagabundo" (não registra, mas já vi várias vezes este termo ser empregado para designar um tamborzinho que vai preso em um cabo, usado na percussão brasileira). Como vês, são vocábulos que existem, mas provenientes de línguas diferentes, com significados que não têm relação com a idéia da música (muito menos com a fantasiosa versão de "palavrões em nagô"). Vinícius, com o ouvido que só os poetas têm, simplesmente escolheu-os por sua sonoridade e combinou-os numa expressão sem valor semântico, mas de alto poder sugestivo. Abraço. Prof. Moreno

Um comentário:

Anônimo disse...

oi prof..... sou cladia blanco e fico muito contenta por este blog, che é muito interessante.... sei che não continuo mais com o portugueis mas, intento estudar um poquitinho e leerr sempre che possa.
temos ainda pendiente um almorco...
jiji
um forte abraco clau...
ahhh...o meu teclado não funziona bein...
bjs