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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Você sabia... qual é a origem e o emprego do pronome você?

“Você” é forma evoluída (transformada) do pronome de tratamento vossa mercê, assim: vossa mercê > vossemecê > vosmecê > você. Textos de 1813 já a registram, sob a forma de vosse.


Na prática, seu emprego é de segunda pessoa, já que é usado com referência à pessoa com quem se fala (teoricamente, tu) e não, à pessoa de quem se fala. Entretanto, em razão da origem, “você” é pronome de tratamento – da mesma forma que vossa excelência, vossa senhoria, vossa majestade, vossa alteza e outros – e como tal é da terceira pessoa do singular (plural: vocês). Por isso, leva o verbo para a terceira pessoa: “Você é meu amigo” e “Vocês podem ir”.


Você é utilizado como sujeito, agente da passiva e adjunto adverbial, como em “Você já disse o que quer”, “Cátia foi nomeada por você” e “Quero ir com você”. No padrão coloquial, também aparece como predicativo, especialmente no plural: “Este livro é de vocês?”. Esse pronome funciona também como objeto, mesmo na língua culta: “Quero você para mim” e “Não darei a você esse gostinho”.
Você é largamente empregado na maior parte do território brasileiro, com exceção do Sul e de algumas áreas do Norte e Nordeste – em que se usa tu –, para expressar intimidade, para indicar relação de igual para igual ou relação superior/subordinado e mais velho/mais jovem. Em Portugal, ele também existe, mas é sobrepujado em uso por tu.

Resta uma questão: por que os pronomes de tratamento são de terceira pessoa, uma vez que se referem à pessoa com quem se fala (segunda)?

Tal fato tem explicação histórica: no passado, não era considerado apropriado alguém se dirigir diretamente a autoridade ou a pessoa de classe social superior usando pronome de segunda pessoa (tu, vós). Os costumes requeriam o emprego de formas indiretas, pelas quais se fazia referência aos atributos do interlocutor. 
Daí os pronomes Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Reverendíssima e outros serem de terceira pessoa (forma indireta) e para ela levarem o verbo, pronomes oblíquos e possessivos. Como exemplos atuais dessa comunicação indireta, temos: “Meu pai gostaria de levar-me ao shopping?” (em vez de “Pai, quer me levar ao shopping?”) e “A filhinha agora vai tomar sopinha” (em lugar de “Filhinha, agora você vai tomar sopinha”).